Na liturgia cristã, a Sexta-feira Santa nos mergulha no mistério profundo da Paixão e Morte de Jesus Cristo. É o dia do silêncio, da dor redentora, da entrega total. Mas para os que vivem a espiritualidade do Santuário da Mãe e Rainha, essa data guarda também um outro significado: o Dia da Aliança de Amor, renovada com Maria, nossa Mãe e Educadora.
A princípio, pode parecer contraste. Como celebrar uma aliança num dia marcado pelo sofrimento? Como falar de amor num tempo de cruz? No entanto, é justamente aí que o Espírito Santo nos convida a enxergar a beleza da fé cristã, que transforma dor em salvação e morte em vida.
A cruz como expressão do amor mais radical
Jesus, ao entregar-se na cruz, viveu o ápice do amor: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). Não foi uma morte imposta, mas uma entrega livre, total e por amor. Ele selou ali uma aliança eterna com a humanidade, não com palavras, mas com sangue, com lágrimas, com o coração rasgado.
Essa entrega nos convida a refletir: como temos amado no dia a dia? Somos capazes de pequenos sacrifícios pelos outros? Suportamos com paciência uma injustiça, perdoamos um erro, estendemos a mão sem esperar algo em troca?
Quantas vezes, em nossa rotina, somos chamados a “subir ao calvário”, não em grandes gestos heroicos, mas na simplicidade da vida: a mãe que cuida do filho doente, o jovem que escolhe a verdade mesmo enfrentando perdas, o idoso que oferece suas dores como oração silenciosa, aquele que, mesmo em luto, permanece firme sustentado pela fé. Essas cruzes do dia a dia, unidas à cruz de Cristo, se transformam também em salvação.
A Aliança de Amor: resposta fiel no coração da dor
No Santuário, renovamos hoje a Aliança de Amor com Maria, como fez o Pe. José Kentenich, fundando um caminho de santidade simples, real, vivido no cotidiano. Essa aliança não é uma devoção vazia, mas um compromisso: “Nada sem vós, nada sem nós”.
Renovar a Aliança justamente na Sexta-feira Santa é uma graça especial. É dizer a Maria: “Mãe, mesmo na dor, eu confio. Mesmo no silêncio, eu caminho contigo. Mesmo sem entender tudo, permaneço fiel.”
Maria esteve de pé aos pés da cruz. Não fugiu. Seu silêncio era oração. Sua presença era força. E assim como ela permaneceu fiel no calvário, nós também somos chamados a permanecer fiéis em nossos próprios calvários.
Duas alianças, um mesmo amor
A cruz de Cristo e a Aliança de Amor se encontram hoje. Ambas são expressão de um amor que não desiste. Ambas nos chamam a viver a fé com profundidade, compromisso e esperança.
Hoje, ao contemplar Jesus crucificado, podemos renovar nossa Aliança com um coração mais maduro. Não como quem busca apenas consolo, mas como quem se coloca ao lado de Maria e diz: “Senhor, eis-me aqui. Usa minha vida. Quero amar como Tu amaste.”
Neste dia santo, que nossas orações, nossos silêncios e nossos pequenos sacrifícios se unam à oferta de Cristo e ao sim fiel de Maria. Que a Aliança de Amor nos eduque a viver com sentido, com entrega e com esperança, mesmo nas horas mais difíceis.