A história do Santuário de Schoenstatt na Vila Mariana começa muito antes de sua construção. Ela tem raízes no dia 18 de outubro de 1914, quando, na pequena capelinha de Vallendar, Alemanha, o Pe. José Kentenich e um grupo de seminaristas selaram um pacto de amor com a Mãe de Deus. Esse momento marca o nascimento do Movimento Apostólico de Schoenstatt, uma Obra que cresceria com rapidez e profundidade, mesmo em meio às duras provações do século XX.

O próprio Fundador enfrentou essas provações de forma radical. Perseguido pelo regime nazista por sua posição contrária à ideologia da época, Pe. Kentenich foi preso e enviado ao campo de concentração de Dachau. Mais tarde, passou 14 anos em exílio imposto pela Igreja. Nada disso o impediu de continuar confiando plenamente na Divina Providência.

Essa confiança heroica marcou profundamente a espiritualidade de Schoenstatt e, de modo especial, a missão do Santuário de Vila Mariana: ser expressão viva da “Confiança Vitoriosa no Pai”.

Os primeiros passos em São Paulo

Com o reconhecimento oficial da Obra por parte da Igreja, algumas Irmãs de Maria de Schoenstatt vieram para São Paulo no início da década de 1960. O objetivo era claro: difundir o Movimento e plantar aqui o primeiro Santuário de Schoenstatt em solo paulista.

Após uma breve estadia na Rua Barão de Iguape, mudaram-se para a Rua Dr. Diogo de Faria, no bairro da Vila Mariana — endereço que até hoje abriga o Santuário e a sede do Movimento. Mesmo sem a propriedade definitiva do local, o coração missionário das Irmãs era movido pela fé e pela ousadia. Assim, em 31 de maio de 1967, com a bênção do Cardeal Dom Agnelo Rossi, foi lançada a pedra fundamental do Santuário.

Naquela ocasião, uma carta enviada por Pe. Kentenich desde a Alemanha trouxe sua última mensagem ao Brasil antes de sua morte. Ela se tornou uma espécie de testamento espiritual para toda a Família de Schoenstatt no país.

Inauguração e missão do Santuário

O Santuário foi oficialmente inaugurado em 8 de julho de 1970, exatamente no dia da ordenação sacerdotal do Fundador. Fruto do esforço das Irmãs e de uma pequena Família de Schoenstatt paulistana, tornou-se um ponto de referência espiritual para muitos fiéis.

Cada Santuário de Schoenstatt no mundo possui uma missão específica. Em Vila Mariana, essa missão é ser uma dádiva de gratidão pelo 20 de janeiro de 1942 — data em que Pe. Kentenich, preso pela Gestapo, entregou sua liberdade nas mãos de Deus, em um ato de total confiança e entrega. Ele não aceitou um atestado médico que poderia livrá-lo do campo de concentração, pois via naquela prova um chamado divino para amadurecer e santificar a Obra de Schoenstatt.

Essa entrega confiante marcou o espírito do Santuário paulistano: viver e irradiar a confiança vitoriosa no amor e na condução do Pai Celeste, mesmo nas situações mais adversas.

Um Santuário que acolhe e envia

Desde sua inauguração, o Santuário Tabor da Confiança Vitoriosa no Pai tornou-se um local de graças, de oração, de formação espiritual e missionária. A Campanha da Mãe Peregrina, os ramos da Obra (como a Liga, União, Juventudes), as missas, romarias, confissões e momentos de adoração fazem do Santuário um coração pulsante dentro da cidade.

Ali, muitos selam sua Aliança de Amor com a Mãe Três Vezes Admirável, encontram consolo nas provações e experimentam a presença viva de Deus por meio de Maria.

Hoje, em meio aos desafios de um mundo urbano, individualista e, muitas vezes, distante da fé, o Santuário da Vila Mariana continua sendo um espaço de escuta, confiança e envio missionário. Um sinal de que, com Maria, a vitória pertence àqueles que confiam no Pai e se deixam conduzir por Ele.

Por: Maria Rita Vianna