Maria Rita Vianna
A Solenidade da Transfiguração de Jesus, celebrada pela Santa Igreja no dia 6 de agosto, tem relação direta com a história da Obra de Schoenstatt. No dia 18 de outubro de 1914, dia da Aliança de Amor original, pelo Primeiro Documento de Fundação, Pe. José Kentenich assim incentivou os jovens seminaristas:
“Ao contemplar as magnificências divinas no monte Tabor, Pedro exclamou encantado: ‘Aqui é bom estar! Façamos três tendas’ (Mc 9,5). Estas palavras sempre me voltam à memória e frequentes vezes me perguntei: Não seria possível que a Capelinha de nossa Congregação se tornasse nosso Tabor, no qual se manifestem as magnificências de Maria?” Assim como os apóstolos Pedro, Tiago e João encantaram-se com a manifestação de Jesus Cristo como Deus, os seminaristas empolgaram-se com a ideia de transformarem aquela pequena Capelinha de São Miguel em um lugar onde é bom estar. Com o decorrer do tempo, milhares de pessoas também se empolgaram pela ideia e sentem a presença de Deus Trino e da Mãe de Deus nos inúmeros Santuários de Schoenstatt espalhados pelo mundo.
Pe. José Kentenich deu ao Brasil a missão de ser Tabor, Tabor das glórias de Cristo e de Maria e, por isso, como os seminaristas fizeram, os fiéis da Mãe e Rainha continuam ‘subindo’ à montanha e, nos Santuários Tabor, têm encontro profundo com Cristo, homem e Deus.
No Monte Tabor, Jesus revela aos três discípulos que sua vida é muito mais profunda do que eles, até aquele momento, podem ver e saber; que sua vida vai além das manifestações que o Pai lhe permite fazer, como ele sempre afirmou: “O Filho não pode de si mesmo fazer coisa alguma; ele só faz o que vê o Pai fazer”.
A vida de Jesus, seus milagres e pregação anunciando que o Reino de Deus está próximo, o conduzem para o plano que Deus traçou para Ele: o sofrimento, a paixão, a morte e a ressurreição, sua passagem para a glória.
Monte Tabor : acontecimento de oração
É importante salientar que Jesus, levando consigo os três apóstolos, subiu ao Monte Tabor para rezar; portanto, a transfiguração é um acontecimento de oração, de encontro do Filho com o Pai, porque ambos são Um, na unidade do Espírito Santo.
É realmente diálogo entre o Pai e o Filho, porque os discípulos ouvem a voz de Deus saindo de uma nuvem, indicando a Sua presença: “Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda minha afeição. Ouvi-o!”
A exclamação: ‘Ouvi-o’ é o eco do Shemá, oração central do judaísmo, pela qual se declara, veementemente, que o Senhor Deus é único, é o Criador, o Todo-poderoso; só a Deus se deve amar, correspondendo ao Seu Amor; só a Deus se deve obedecer, como Jesus obedeceu em tudo – então, é a Jesus que se deve ouvir, amar, seguir.
Presença de Moisés e Elias na Transfiguração
Ambos viveram experiências profundas pelas manifestações de Deus, e representam o Antigo Testamento: Moisés, como comunicador da Lei dos Dez Mandamentos; Elias, como o pai dos profetas.
A partir da vinda do Salvador, Jesus torna-se o autêntico intérprete da Lei e da Profecia, o eterno e sumo Sacerdote; no Tabor, o Filho de Deus sintetiza todo seu ensinamento, contido nos Evangelhos, trazendo o Rosto do Pai, que é misericórdia, perdão, em uma palavra: Amor.
Referências:
Primeiro Documento de Fundação, 7
Jo 5, 19
Cf. João 10,30
Mt 17, 5